Vales e picos de rochas vulcânicas, cidades subterrâneas, casas nas rochas que serviram de moradia, igrejas e refúgios de cristãos perseguidos, a Capadócia, terra natal de grandes Pais da Igreja, esconde em seu seio riquezas pertencentes à história da humanidade e da cristandade.
Os raios de sol nas manhãs frias da Capadócia não são os primeiros a invadir os céus. À medida que o sol vai despontando, eles já estão lá – os balões. Constatei pelo menos uma vintena de silhuetas coloridas contra o fundo azul. Os turistas adoram.
O privilégio de ver tudo lá de cima é um privilégio daqueles que podem pagar 420 reais para experimentar essa sensação singular. Mas meu interesse não era ver nada de longe, mas tudo muito de perto. Tanto a vista de baixo quanto a de cima é a mesma: montanhas, morros, vales, rios, desertos e poucas florestas. Mas então, o que faz da Capadócia tão atrativa? Sua paisagem insólita (quase que alienígena), fruto das sucessivas erosões em solo vulcânico e sua história milenar.
Sua topografia
Milhares de anos atrás, erupções vulcânicas espalharam uma camada grossa de cinza e barro quentes sobre a Capadócia. Esta cinza vulcânica endureceu tornando-se um tipo de rocha porosa. Com o passar do tempo, monumentos naturais começaram a ser esculpidos pela ação da temperatura, dos ventos e das chuvas. Aqui e ali despontam picos de formas cônicas, que incitam nossa criatividade e nos remetem a cogumelos, chapéus, chaminés e a tudo aquilo que a imaginação quiser ver.
O cineasta norte-americano George Lucas, por exemplo, viu na Capadócia um cenário "lunático", perfeito para representar o deserto do sand people (povo de areia), do filme Guerra nas estrelas. No entanto, por trás de tudo que o pode ser imaginado, no seio dessas rochas esculpidas pelo tempo, residem tesouros milenares da história cristã.
Sua relevância histórica
Localizada no coração da antiga Anatólia central, hoje na parte asiática da Turquia, a Capadócia recebeu esse nome no século VI a.C. O nome tem origem na palavra persa katpaduka e significa "a terra de belos cavalos". Nome sugestivo para criadores de cavalos típicos da região. "A Capadócia, sem dúvida, é o velho oeste da Turquia, portanto, teria outra forma de explorá-la melhor do que montado em um cavalo?", diz o proprietário do rancho mais antigo da Capadócia, Akhal Teke. Entretanto, poucos são os que se dão a esse luxo.
O que mais atrai os visitantes, além da exótica vista encantadora, são os milênios de história encrustada nas rochas.
São inúmeras cavernas e cidades subterrâneas que foram utilizadas como casas, lugares de refúgio de cristãos e como igrejas desde os primeiros séculos d.C.
"Eu tinha dois sonhos: Conhecer a cidade de Veneza, Itália, o qual já realizei, e visitar a Capadócia", declarou o reverendo presbiteriano Silas Tostes, natural de Batatais, São Paulo.
"A razão do meu interesse na região da Capadócia, não era sua bizarra forma geológica, mas por ser a terra dos três pais da igreja conhecidos como os Grandes Capadócios – os dois irmãos, Basílio de Cesaréia e Gregório de Nissa, e Gregório de Nazianzo. Estou muito feliz por ter podido visitar algumas igrejas nas rochas, especialmente as do século II, quando a Igreja ainda não havia provado a idolatria pagã adicionada na era bizantina", completou.
Seu lugar na Bíblia
Os cidadãos capadócios colocaram sua fé em Cristo pela primeira vez no dia de Pentecostes, em Jerusalém. O texto bíblico diz: "Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia." (At 2.9). Esses capadocianos retornaram para seus vilarejos e cidadelas e formaram a igreja primitiva da Capadócia.
Com o crescimento da população cristã nos primeiros séculos, os romanos iniciaram campanhas para perseguir e massacrar a igreja anatoliana (região que compreendia toda a antiga Ásia Menor e Mesopotâmia). Um grande número de cristãos perseguidos se mudou para a região da Capadócia (centro da Anatólia) para se esconder dos romanos em cavernas e refúgios subterrâneos. Foi durante esse tempo que a Igreja viveu um crescimento veloz e quando a cidade de Cesaréia da Capadócia (atual Kayseri) se tornou grande centro para o cristianismo primitivo.
Capadócia foi também o mais importante centro monástico. Muitos monges cristãos tiveram sua iniciação no monasticismo por entre os espiralados vales de Ihlara, Göreme e Zelve. Por cerca de oito séculos, eles viveram vida simples para dedicarem-se somente a Deus.
A paisagem da Capadócia proporcionava aos monges uma atmosfera mística para meditação e oração.
Depois da suposta conversão de Constantino – o Grande ao cristianismo, as igrejas anatolianas foram assimiladas pelo cristianismo bizantino. Igrejas foram expandidas e outras novas construídas.
As comunidades cristãs prosperaram nas milhares de cavernas adornadas com coloridas e bem elaboradas pinturas a fresco (ou frescos), que podem ser vistas hoje. Atualmente, mais de 3.500 igrejas tem sido descobertas. Todavia, com a invasão turca, os cristãos deixaram a Capadócia e abandonaram suas igrejas. Por 500 anos aproximadamente, a herança cristã da Capadócia permaneceu esquecida, até que um aventureiro europeu descobriu essas igrejas em 1705.
Desde 1985, a Capadócia tem sido considerada herança do mundo pela UNESCO, por quem m sido preservada como valioso patrimônio da humanidade. SF n. 3
Matéria da revista Saber e Fé N 3 - http://www.saberefe.com/
Glórias a Deus Alexandre! Há muitos lugares interessantes para conhecermos. Deus abençoe a sua vida!
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